segunda-feira, 1 de junho de 2009

Paradoxo Paradoxal

   Diante de uma suposta batalha ferrenha entre, Deus e sua criação, contra Darwin e sua adaptação, estão, entre o fogo cruzado, perdidos; nós; meros humanos incertos. E na busca infinita pela resposta perdida, deixamos passar de liso pequenas incoerências.

   É bem verdade que o conhecimento de nosso passado seria capaz de alterar nosso presente grandemente, mas ele, ao contrário do senso comum, é seguramente um: a tentativa de superar a incerteza de onde viemos. Se fosse possível assistir a história da humanidade com princípios diferentes, assistiríamos talvez três filmes muito distintos. Na primeira sessão, os seres humanos, criaturas divinas, sendo a mais nobre forma do amor na terra. Representados pelo cuidado com o próximo e a natureza, seres talvez apáticos e sem vontade própria. Na segunda sessão, os seres humanos, como animais selvagens, estariam sempre envoltos em guerras e num mar de egoísmo, na busca pela sobrevivência de forma bruta. A realidade em que vivemos, a terceira sessão, é marcada pela incerteza. Nesta, os seres humanos não se dividem entre a sobrevivência selvagem e a apatia altruísta; se preocupam apenas em ter certeza de algo e fazer deste algo seu escudo.

   De fato, o nosso passado, seja ele qual for, de pouco importa agora. A nossa condição é imutável e incerta. Mas a discussão relevante entre Darwin e Deus vai além. De uma forma filosófica e despercebida ela se apresenta usual ao nosso presente. Em sua teoria, Darwin aborda a adaptação do tudo. Imagino-me e vejo-me como um ser humano que precisa se adaptar a todas as regras sociais atuais (escola, trabalho, leis e relacionamentos pré-moldados). Talvez me torne bem sucedido, mas em nada ajude para uma mudança no mundo, que continua seu caminho certo para o futuro que desconhecemos (o futuro traçado por Deus?). Por outro lado, vejo os insensatos, que dotados da convicção de possuir verdadeiramente o livre arbítrio, se colocam na posição de mudar o mundo, tornando-o melhor aos seus olhos e muitas vezes desviando do futuro que antes seria certo. Assim sendo, o futuro traçado por Deus (o curso natural) é “modificado”, adaptando-se ao universo criado na mente de um ser humano totalmente insensato.

 

A beleza dos paradoxos me comove, principalmente paradoxos filosóficos. Este em si é um paradoxo dentro de um paradoxo (não sei se existe nome pra isso), mas por hora chamarei de paradoxo paradoxal. E não há função mais nobre dos paradoxos que não seja de nos deixar confusos e principalmente incertos.

Um comentário:

Unknown disse...

Escutamos sempre que aquilo que nos deixa sempre inquieto é o que realmente nos move...
Pois, é!
Com todo esse seu jeito de filósofo, quase confirmado, deixa-me ao certo cada vez mais confusa e certa... hehehe
Beijo enorme!!!!