sexta-feira, 12 de junho de 2009

O mais difícil não é entender que as coisas mudam, mas sentir que de um dia pro outro você é sempre o segundo plano, de todos. É maravilhoso estar rodeado de amigos e pessoas que lhe admiram, mas nada se compara a se sentir único, se sentir especial. E pra se sentir assim, não adianta um milhão de pessoas se afeiçoarem de ti, sabendo sempre que você é o dois.

Vendo-as partir toda vez que por outro elas precisam ir. Dizer que já não sofro seria bobagem, ver tudo isso acontecer, lentamente, e nada poder fazer. É natural, é o óbvio. Eu entendo e me entendo também, mas já sem saber o que fazer, apenas desabafar. Com letras, sem cores, e cegas. Cegas por atrofiar a visão, que um dia tão aclamadas. Hoje, nada vêem, por simplesmente ser a segunda opção.

“O amor do simples é profundamente banal”



BLOG EM GREVE




domingo, 7 de junho de 2009

Rotina Rotineira

A rotina é má. Desconheço aqueles que a apreciam severamente. Contudo, ela é inevitável, alguns dizem. Que sejam, ainda preservarei meu direito de assassina-la a cada momento que tiver oportunidade.

A vida passa rápido demais. Esse é um dos jargões mais famosos que conheço. No final das contas, nossa vida e nosso passado, são uma mistura de nossas histórias, imaginação e fotografias. Foram mais felizes aqueles que possuem as melhores fotos ou aqueles que sabem contar melhor suas histórias. Quem constrói a vida e decide se ela valeu a pena é seu dono, sempre. Então concluo que a vida passa rápido para aqueles que as deixaram escapulir pelas mãos. Para aqueles que não souberam ao certo como gerenciá-las, resta apenas uma alternativa: recomeçar. Essa é a grande justiça da natureza, podemos recomeçar a todo momento. E como fica por nossa conta concluir sobre o nosso passado, a todo o momento podemos ter novas interpretações dele. Que seja rápida a vida, como todos dizem, mas que jamais seja monótona e sem propósito.

Uma semana na estrada equivale a quase dois meses de vida imerso numa rotina maçante. O que quero dizer? Aquela rotina clássica de casa, trabalho, casa; não nos dá muitas oportunidades de criar boas histórias ou diferentes fotografias, a não ser que o artista em questão seja bem talentoso. Será que é possível desenvolver esse talento? Acredito que sim e explico como. Mas como sempre, continuo acreditando firmemente que devemos nos colocar em situações não usuais. É bem verdade que por serem não tão usuais, não podemos fazê-las todos os dias. Por isso surge a importante ferramenta de quebrar a rotina, de qualquer simples maneira que seja.

Tenho satisfatoriamente feito isso de várias maneiras.
Já fiquei boa parte da noite escutando música em frente ao rio, já fui ao cinema sozinho, sai para uma caminhada pela madrugada, passei a noite inteira conversando com amigos (mesmo tendo todo o compromisso rotineiro no outro dia). Conversei com quem não conhecia no ônibus, brinquei com crianças e cantei na rua. Troquei meu programa preferido na TV para escutar as histórias de um velho conhecido, coloquei uma roupa engraçada e dei risadas de mim mesmo. Cozinhei algo que não sabia e dei presentes para amigos, mesmo não sendo alguma data especial. Simples, porém sem esforço, tudo isso pode passar batido e deixar nossos dias iguais a tantos outros. Cotidiano.

Então, magistralmente li um poema capaz de resumir tudo isso. Um poema que pode servir como um guia. Para que a cada dia sejamos seres mais preocupados com o que realmente vale a pena.

Morre Lentamente

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajeto, quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se
da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior do que o simples fato de respirar.
Somente a perseverança fará com que
conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

O jargão da vez é: as melhores coisas da vida são as simples, aquelas que o dinheiro não compra. Isso é verdade. Quando aprendemos a valorizar o que deve ser valorizado, somos felizes mesmo não tendo o secundário.

"Quer pouco: terás tudo.
Quer nada: serás livre."

(Ricardo Reis)


Ao acordar amanhã, e mesmo que faça isso somente amanhã como um teste, pense no que você gostaria de fazer se fosse teu último dia de vida. Faça. Seja criativo e surpreenda-se, faça algo que nunca fez antes e que talvez pense que jamais faria. Supere-se e poderá ver mais longe. A experiência lhe abrirá novas possibilidades. E aí então decidirá se este exercício fará parte de sua vida mais vezes.

“Só existem dois dias no ano em que você não pode fazer nada: ontem e amanhã" (Dalai Lama)

Recomece...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Paradoxo Paradoxal

   Diante de uma suposta batalha ferrenha entre, Deus e sua criação, contra Darwin e sua adaptação, estão, entre o fogo cruzado, perdidos; nós; meros humanos incertos. E na busca infinita pela resposta perdida, deixamos passar de liso pequenas incoerências.

   É bem verdade que o conhecimento de nosso passado seria capaz de alterar nosso presente grandemente, mas ele, ao contrário do senso comum, é seguramente um: a tentativa de superar a incerteza de onde viemos. Se fosse possível assistir a história da humanidade com princípios diferentes, assistiríamos talvez três filmes muito distintos. Na primeira sessão, os seres humanos, criaturas divinas, sendo a mais nobre forma do amor na terra. Representados pelo cuidado com o próximo e a natureza, seres talvez apáticos e sem vontade própria. Na segunda sessão, os seres humanos, como animais selvagens, estariam sempre envoltos em guerras e num mar de egoísmo, na busca pela sobrevivência de forma bruta. A realidade em que vivemos, a terceira sessão, é marcada pela incerteza. Nesta, os seres humanos não se dividem entre a sobrevivência selvagem e a apatia altruísta; se preocupam apenas em ter certeza de algo e fazer deste algo seu escudo.

   De fato, o nosso passado, seja ele qual for, de pouco importa agora. A nossa condição é imutável e incerta. Mas a discussão relevante entre Darwin e Deus vai além. De uma forma filosófica e despercebida ela se apresenta usual ao nosso presente. Em sua teoria, Darwin aborda a adaptação do tudo. Imagino-me e vejo-me como um ser humano que precisa se adaptar a todas as regras sociais atuais (escola, trabalho, leis e relacionamentos pré-moldados). Talvez me torne bem sucedido, mas em nada ajude para uma mudança no mundo, que continua seu caminho certo para o futuro que desconhecemos (o futuro traçado por Deus?). Por outro lado, vejo os insensatos, que dotados da convicção de possuir verdadeiramente o livre arbítrio, se colocam na posição de mudar o mundo, tornando-o melhor aos seus olhos e muitas vezes desviando do futuro que antes seria certo. Assim sendo, o futuro traçado por Deus (o curso natural) é “modificado”, adaptando-se ao universo criado na mente de um ser humano totalmente insensato.

 

A beleza dos paradoxos me comove, principalmente paradoxos filosóficos. Este em si é um paradoxo dentro de um paradoxo (não sei se existe nome pra isso), mas por hora chamarei de paradoxo paradoxal. E não há função mais nobre dos paradoxos que não seja de nos deixar confusos e principalmente incertos.